29 de janeiro de 2009

Por trás da estátua

Qual valor o senhor considera mais admirável no homem?
É a veracidade da pessoa. Quando o sujeito é verdadeiro, ele tem herança. Se as heranças são mais belas, menos belas, eu não... Ele tem herança. Ele é uma pessoa cônscia da sua mensagem. O nível, de baixo, de cima, não me interessa. É a sua cultura, a sua terra, a sua vivência, a sua gente. Ele não é uma figura transitória. Ele é identificado numa razão de ser. Se ele sabe o que é, se procede como é, sabe manter isso... A autenticidade da pessoa. Se o sujeito o tem, então tem posição na vida humana.

Se essa entrevista ganhasse grande alcance e muitas pessoas pudessem ver, que mensagem o senhor gostaria de deixar?
É que as pessoas deveriam se perguntar sobre o que se propõe à vida. E encontrar razões pra tal. Se você encontra razão de viver, você é uma pessoa importante no contexto universal. Não é simplesmente um ponto, é um referencial importante. Você leva a sua mensagem as pessoas, acreditando que o melhor da vida é o que você pensa. Se pensas errado, sou eu que vou pensar errado em relação a ti. Porque tem pessoas que não tem direção, não se postam em relação aos outros. São dependentes, aí viram simplesmente consumidores.

Qual é o pior comportamento humano atual?
A falta de personalidade e de conhecimento cultural que, consequentemente, traz a incoerência. É quando a pessoa se despersonifica por imposição alheia, para ganhar um posicionamento que não é condizente à cultura e às suas origens. Se perde a razão da alma sua, da grandiosidade do seu gesto. Isso é falta de postura.

Como o senhor, como tradicionalista, vê o homossexualismo?
Olha... É o seguinte... Na campanha, não se ouve quase sobre esse assunto. Ao natural, pela herança, pela rudeza dos assuntos. Embora isso seja natural, humano. Mas você não encontra isso no meio rural. Porque é muito rude. Se o homem é aquilo que as heranças não lhe oferecem, ele sai de lá. Porque não tem uma boa vivência, ele se afasta. Isso não quer dizer que seja condenado ou não, é um ser humano. Então ele vai encontrar o seu caminho. Na campanha dificilmente ele encontra sua razão de viver porque a vida é muito árdua, muito exigente e não é sensível a outras atitudes menos másculas.

O senhor é convicto e defende com afinco seus ideais. Algum ideal vale uma vida?
Eu acho que todos nós temos as razões de vida. Se tem o direito de se escolher, se descobrir. Tem gente que está morta há muitos anos e não sabe. Quem tem um ideal é confiante de que a mensagem que ele traz é uma razão de vida. Outros não; perderam-se, estão mortos e não sabem. As novas gerações não terão nada para receber deles porque eles... Eles simplesmente estão, porque Deus ainda não os levou. Mas não porque eles tenham razão de viver. Não tem força pra transmitir, só pra consumir. O ideal vale, essa é a diferença das coisas. Não basta fazer, tem que encontrar razão pra fazer.


Quando chegou em Porto Alegre e entrou no Colégio Júlio de Castilhos, o senhor ia pilchado às aulas. Nunca deu muita importância ao que os outros diziam?
É. Pior ou melhor são os outros que dizem, nós vivemos. É a nossa missão. Eu tenho essa mensagem, e recebo dos outros o que os outros dizem ou pensam. E acolho com o maior respeito e humildade. Mas não sob efeito de submissão. Ah não, isso não. E assim como o direito é meu, o direito é dos outros. Respeito é respeito.

Quando o senhor peca?
Se existe algum mal nas coisas em que faço é de ser verdadeiro. Se há alguma coisa de incorreto, ou aparentemente incorreto para os outros, é da veracidade das coisas que eu faço. É que não são preocupantes em justificar a alguém.

E onde está a sua maior qualidade?
Ah... Eu sou um homem da terra. Sou consciente da importância de viver. Um homem da terra... Com seus problemas, com suas razões de ser. E que tem muita esperança de realizações para fazer. Quer dizer, estou com 81 anos e estou trabalhando assim não é? Isso é porque espero progredir e entregar melhoras para as novas gerações. Pra mim essa é uma missão humana.

10 de janeiro de 2009